sexta-feira, 10 de maio de 2013

Chega uma hora que você cansa da rotina. Resolve tirar a bunda da cadeira e sair, se divertir, sorrir de verdade, involuntariamente, mas sem motivo algum. Resolve enxergar a vida de outro jeito, e, não mais como aquela que colocou o pé na frente pra você tropeçar, e sim aquela que te fez mais forte depois de uma queda. Você fica mais leve, qualquer som vira música, qualquer piada já vira motivo pra risada, e dessa forma sem perceber você começa a ir em direção a felicidade. E dai, aquele amor não foi pra sempre, mas existem outros, existe o certo, você ainda vai esbarrar nele. E dai se aquela amiga falou mal de você, não precisa se isolar do mundo, de todo mundo, existem mais bilhões de pessoas, com certeza pelo menos uma vai ser verdadeira contigo. E dai se você tá cheio de problemas? TODO MUNDO ESTÁ. Mas com a dose certa de bom humor e um empurrãozinho de determinação você vai longe, resolve todos eles, e todos os próximos conflitos que a vida impuser na sua frente.
Ás vezes estar perto dói mais que se afastar.
Me calo. Porque agora nem eu me entendo, prefiro ficar em silêncio, prefiro que tudo se cale.
“Eu gostaria de saber em que lugar no infinito dos meus olhos eu me encontro. Em que fio de cabelo me perdi? Eu não caibo mais nas roupas que cabia e o som ecoando pela minha boca não é mais meu. Gostaria de saber onde é que posso me encontrar dentro de mim, porque agora, neste momento, me sinto flutuando sobre meu corpo, observando meus movimentos de longe. Tenho a sensação de enxergar detalhadamente cada mergulho, como quem espia alguém pela janela. Sinto dizer, que me vi afogando. Só queria perguntar, por favor, se não for incômodo, onde eu encontro o fio da meada? Eu preciso me salvar. Porque eu nunca soube pedir conselhos, nunca soube pedir um ombro. Eu espero que me perguntem sobre meu dia e se encostem ao meu lado no sofá. Eu espero que me forcem um cafuné, que inicialmente irei negar. Nem sei em qual curva me tornei tão introspectiva, com vontade de falar de mim para o papel. Anne Frank tinha razão ao dizer que ele é muito mais paciente do que as pessoas. Porque as pessoas têm suas vidas e suas preocupações. As pessoas querem passar o tempo livre ouvindo uma boa música. Ninguém quer ouvir choramingos numa sexta-feira à noite. Algumas vão à festas, algumas dormem cedo, outras namoram e outras escrevem. Porque o simples fato de olhar-se no espelho é uma inspiração. E eu me pergunto quando foi que surgiram essas olheiras e descobro que mudei completamente em apenas uma semana. E me entupo de medo de acordar e não me encontrar na cama, como quando engoli meu dente de leite durante o sono e não o encontrei na manhã seguinte para entregar à fada do dente. Então escrevo. No infinito das linhas eu sei que não me perco.” — rio-doce 
“Saudade: É uma Luta cotidiana contra um sentimento exorbitante. Brota em corações apaixonados, tem capacidade de fazer qualquer um chorar. Não tem tendência de diminuição. Não se sabe como, mas só consegue aumentar. Chega com violência, não pede autorização e muito mesmo documento de identidade. Sau-da-de: Palavra pequena com intenção de torturar.”
“As pessoas são como o clima, variam de uma hora pra outra, as vezes sem explicação. Mas é assim mesmo, sempre foi.
É como sorrir em um sábado de sol, e chorar em um domingo chuvoso.” — João Rezende.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Vale a Pena Ler: Namore uma garota que lê.



Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.

Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criado pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gosta de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.

Compre para ela outra xícara de café.
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gostaria ou gostaria de ser a Alice.

É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance e diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.

Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.

Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.

Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.

Rosemary Urquico.


|Texto original: Date a girl who reads – Rosemary Urquico.

Tradução e Adaptação de Gabriela Ventura.